sobre quando ele descobre qual a verdadeira função dos lábios

para o grande mestre Mario Benedetti

 

 

Foi como um choque quando os lábios dela tocaram os seus. Um choque de carros, de caminhões ou de outra coisa cuja dimensão fosse suficientemente grande para causar estragos daquelas proporções. Não um choque desses elétricos, já que ele mesmo se sentia completamente vazio de forças naquele momento. Foi um beijo não esperado. Um golpe. Um solavanco. A brusca pressão das bocas. A língua intrusa em território então desconhecido¹. O encontro das salivas como as águas de dois riachos que se avizinham, transbordando às margens e revolvendo as profundidades. Um hálito respirado dentro de outro hálito. Um fôlego que quase se perdia para, instantes depois, logo ser retomado. Um não-saber o que se fazer com as mãos, com os olhos, com o corpo todo. E o gosto doce que lembrava mel, anis e tâmara madura². Percebeu então que havia uma função para os lábios: serviam de sutis almofadas que abrandavam a violência do beijo e poupavam os dentes de um sinistro³ qualquer.

 

 

¹ Na ocasião ele pensou “A língua devia ter em sua ponta pequenos olhos investigadores”. No dia seguinte releu o Gênesis tentando descobrir em que momento da criação Deus deixou que a distração o carregasse para outra coisa e esquecesse de um detalhe tão indispensável. Ao final, considerou a sua inquietação despropositada e ainda mais prosaica: Deus nunca haveria de beijar uma mulher.

 

²Depois de um tempo ele descobriria que era um adoçante dietético que ela usava no leite por ser diabética desde os doze anos, quando contraiu a doença impressionada com o trapezista que, entre saltos e piruetas nas alturas, flertava com a morte naquele circo mambembe que passava todos os anos, no mês de junho, por Três Rios.

 

³ A palavra acidente seria mais exata e só não foi usada porque ocasionaria um eco na oração.

 

Por felipedamo

Felipe Damo é jornalista

100 comentários

  1. “A língua intrusa em território então desconhecido”

    adorei isso… literalmente profundo…

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    Camila Pimenta

  2. Se a língua tem olhos investigadores tá explicado: é por que ela é uma intrusa em território então desconhecido!

  3. hey, mas nem foi com o rodapé “caréhélinho”… depois te explico… nossa, ficou bravo ele né… desculpa, não irá se repetir…

    fiquei com vergonha agora…

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  4. Olhe Dona Pimenta, como diria o famoso ventríloquo Hungaro Karaian Karai ” Eu não respondo mais por mim, ouviu, bem?”

  5. Língua é músculo?

    O texto é lindo, nem se discute, mas como tenho a imaginação tal qual o Bobby do desenho “O Fantástico Mundo de Bobby”, não pude deixar de imaginar uma língua bifurcada com dois olhos atentos investigando cada milímetro da mucosa bucal.

    Troca de boquetérias é deveras interessante quando descrita assim, tão poeticamente.

    :*

  6. Não chore!

    …Então a vovó disse:

    – Não chorem que continuo a história… – continuou ela

    – … Depois de chegarem a superficie da grande língua, o grupo de sapinhos desbravadores, Roc, Orc, Cro deram de cara com a grande deusa Herpes!

    – E aí, vovó? O que aconteceu?!” – perguntou um dos netinhos com carinha de assustada.

    – Aí, do nada surgiu o guardião poderoso Aciclovir! E deu cabo da desua Herpes!

    – E depois vó? – ainda arguiu o menor de todos.

    – Amanhã eu conto o resto. Agora é hora de vocês dormirem. Boa Noite!

  7. com certeza esses debates serão melhores que as palestras literárias do Alva Rock Astro.
    e com certeza também irão desencaminhar muita gente nas futuras gerações itajaienses…

    ***

    ah, depois desta pérola, verdadeira obra-prima do surrealismo infanto-odontológico, vamos criar um blog-tributo e um fã-clube para o Helinho.

    eparrei!

  8. tá. qual o “eco” que a palavra acidente provocaria? não achei onde estaria esse suposto eco.

    e, desde qdo se contrai diabetes por se impressionar com um trapezista flertar com a morte???

    ah, e se ele “percebeu” que os lábios são “almofadas” pra abrandar a violência do beijo, tadinho dele. sem experiência nenhuma, hein?

  9. eco: acidente…dente…

    a diabetes é uma doença com fundo emocional em boa parte dos casos, ou tu acha que se pega por contágio direto, ô cabeção?

    é, o personagem tinha oito anos, era bem inexperiente…

    e paulinha, dentro da fisiologia a língua é considerada um músculo sim, e por conta disso precisa ser exercitado com frequência…hehehe

  10. oito anos? é. perdi essa parte ehehehehehe (tá, mas foi exagerado estes tipos de pensamentos prum guri de oito anos, hein?)
    e ela tinha quanto? vinte? já que tinha diabetes desde os doze….

    sei lá. não entendo nada de diabetes. por isso perguntei (sim, pergunta capciosa, mas uma pergunta ehehhehe)

  11. concordo com o Rômulo… não na dicusão sobre a diabetes, já que desse assunto também não entendo nada… mas com relação a personagem…

    “serviam de sutis almofadas que abrandavam a violência do beijo e poupavam os dentes de um sinistro qualquer.”

    pensamentos profundos para uma criança de oito anos… inexperiente… bom eu com oito anos pensava coisas banais, assim como muitas crianças da mesma idade, pensava como o Macgyver era tão bom e tentava bolar um plano para poder pegar escondido as revistinhas Mad do meu vizinho pra poder juntar as contra-capas e saber o misterioso desenho… agora o personagem em questão já tão evoluido e inexperiente… isso sim é sinistro…
    e André… fã-club pro Sr. Hélio Jorge… exagero hein…

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  12. A proposito: É, aos 8 anos, que se formam as inquietudes do pensamento lógico e a afloração da libido nos adolescentes.

  13. isso foi uma indagação?

    tenho dúvidas com relação a idade da menina também, ele tinha oito, ela tinha diabete desde os doze anos e já estava com a lingua curtida pelo adoçante… hummm…

    ele era um menino de 8 anos, que estava começando a enfrentar as “inquietudes e afloração da libido” e que quem tomou a iniciativa foi ela de dar o beijo nele… ai ai… as mulheres estão ficando enlouquecidas… vejam vocês… (rs..)

  14. Camila, não subestime Little Helio, o Paul Rabbit recifense que veio dar – epa! no bom sentido – em Itajaí. o homem é digno de todas as homenagens, loas e oferendas, tanto é que já demonstrou toda a potência do seu entendimento acerca da psiquê e sexualidade humanas em suas últimas intervenções neste distinto e seleto colóquio.

    no mais, concordo com vcs sobre a idade do personagem. mas não se apoquentem, não: todas essas percepções eram resultado de suas leituras de Sartre e Nietzsche, somadas às elucubrações freudianas que empreendia desde os cinco anos…

  15. André, obrigado pelas palavras de apoio, nobre colega. Estou nesse mandato por obra e graça da vontade soberana do povo, que me colocou nesse lugar, e, só ele, pode requerer esse mandato de volta. Assim sendo, continuo a minha luta, que desde o início (7 anos), foi de procurar desvendar todas as mazelas do inconsciente humano, desde os mais profundos (G) aos mais superficiais (L). Outrora diziam aos meus queridos genitores: “…como é precoce esse menino!” Enquanto outros falavam: “Olha só o tamanho!”. Assim, seguindo os trilhos da vida , sempre margeando os calabouços do incosnciente, com as chaves dos portais das vontades interiores na algibeira, levarei a cabo o meu objetivo que é servir sempre, até o porvir!

  16. Obrigado meu caríssimo e prezado Felipe Damo por incluir nesta soma tão cara e de grande prestígio. Ainda acerca de seu escrito sobre os lábios tenros da adolescencia, tenho uma letra que diz assim:

    ” A taste of honey
    Tasting much sweeter
    Than wine

    A dream of your
    First kiss and then
    I feel upon
    My lips again

    A taste of honey
    Tasting much sweeter
    Than wine

    Oh, I will return
    Yes, I will return
    I’ll come back
    For the honey and you

    Yours was the kiss
    That awoke my heart
    There lingers still
    Though we’re far apart

    That taste of honey
    Taste much sweeter
    Than wine

  17. … ”

    Atenção: quando eu disse “tenho” é porque a letra ( A Taste of honey )está comigo, em meu poder, mas não é de minha autoria. Ela, é claro, pertence aos The Beatles!

  18. nossa… estou comovida… tocada… nossa, novamente… deixe eu pegar fôlego…

    …não… me retiro dessas lamurias todas no blog… minhas palavras tem mais efeito falando do que escrevendo… deixo esse assunto a uma outra oportunidade, assim como mulher , como bem sabem, nunca esquecemos de nada, retorno outrora a essa discussão…

    André! …“o homem é digno de todas as homenagens, loas e oferendas”… disso ainda tenho duvidas… até que eu realmente concorde com tal argumento, serei sempre uma provocadora, afinal alguém tem que pegar esse papel, assim como o car’helinho (gostei da forma como o Felipe colocou) é o provocador em outras ocasiões… então fica assim… se não chover, vai dar sol…

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  19. A tempo: A Taste of Honey não pertence aos The Beatles como afirmei acima, mas uma composição de Bobby Scott and Ric Marlow. Sorry!

  20. “André! …“o homem é digno de todas as homenagens, loas e oferendas”… disso ainda tenho duvidas… ”

    About that comment dear Kamilla Pepper just one thing I’ve to say:

    Love, love me do. You know I love you. I’ll always be true So please, love me do! 🙂

  21. olha isso… olha isso… e para com esse “Kamilla Pepper ” Sr Hélio Jorge… assim como o mesmo postou anteriormente:

    …”como diria o famoso ventríloquo Hungaro Karaian Karai ” Eu não respondo mais por mim, ouviu, bem?”

    hummmmmm…

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  22. e adoro sim Felipe… e ouviu bem hein… mas mesmo adorando o universo masculino… ainda assim sou mulher e adooooooooooooro fazer drama…

    …hahahhahhha… as coisas ficam melhores com dicussões calorosas… não achas?!… se não melhores ao menos divertidas….

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  23. “Kamilla Pepper Bowels” … hey que isso… não quero ninguem sendo meu asorvente intimo não hein… Bowels… credo…

  24. hahaha! Tá no sangue, nega! (ops!)

    Tá chegando aos 50! Quem chegar primeiro com um comment ganha um ingresso para assistir ao show dos Tapioca no Nabo!

  25. Uowgh hummm…hummm…tá chegando, tá chegando…chegou!!!!

    “Quem é?!”

    Benedetti, meu filho, desculpe… era uma homenagem, mas sabe como é…
    a coisa fluiuuuuu e vazaou geral!

    “Seus desocupados!”

    Sorry! Acho que ele subiu, não foi?

  26. ahhhhh… entendi o lance do André ser entendido… mas quem vai querer um pedaço do cobertô do Seba… pode ficr com o agrado “car’hélinho”…

    heheheheehe

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  27. Cê não sabe nada mulé! Mas um pedaço só, guardado embaixo do travesseiro, durante 5 dias ( não pode tá no período!) , faz milagres!

  28. como assim…”durante 5 dias ( não pode tá no período!) , faz milagres!”

    essa eu “não” entendi… cê para hien oxênti…

  29. olha, depois do anúncio do cobertor do seba aqui no blog começaram a chegar relatos de várias partes do mundo sobre as propriedades mágicas de tal amuleto, ou seria um relíquia?

    entre elas a de que Bin Laden só permanece oculto nas cavernas de Bora Bora por conta de ter obtido um pedaço do cobertor no grande bazar de Istambul quando era um moleque imberbe, nos idos de 1960…outra de Los Angeles da cosmetologista americana Sarah Witkins afirmando que Cher atribui o segredo de sua jovialidade ao famoso “Cobertor de Seba” que ela conserva sob o travesseiro…e mais um relato surpreendente vindo da China de que uma casa localizada diretamente acima do epicentro do terremoto manteve-se de pé (sem nenhuma rachadura) por conta de manter um pedaço do cobertor em um altarzinho na sala de chá…

  30. ahahahhahhhaahhaahahhaha…
    que zona, isso, hein, baby??

    tô me sentindo numa turnê dos Stones em 1969…

    mas, pô! cêis são mesmo uns patife, hein, mano? orra, meu…
    não posso ficar um dia sem dar um rolê por aqui que os chegado
    já fica logo me tirando…

    Helinho, é isso mesmo. a canção “A Taste of Honey” foi gravada no primeiro disco, Please Please Me (1963) e não é uma composição de Lennon-McCartney.

    Felipe: “a menstruação é um problema hidráulico” integra a letra de “Triângulo Azul de Pano”, gravada pela banda Zumbi do Mato no álbum Menorme ou Mintaaoserentrevistadopelacorjadoibope (1999). a canção é de autoria de Löis Lancaster, vocalista, multi-instrumentista e mentor intelectual da banda.

    sobre absorventes, Zumbi do Mato, no mesmo álbum, tem uma outra canção, não lembro o nome agora, cuja letra, candidamente, diz: “Meu amor, o que é que há? / Quero ser seu PH / Quero ser o seu OB / Bem quentinho em você”.

    no mais, já que estamos num papo meio beatle, meio absorvente, gostaria de perguntar aos nobres confrades qual seria, exatamente, a conotação deste adjetivo, “entendido”, que foi inPUTAdo. como diria o coelho Pernalonga, “que que há, velhinho?”.

    e, parafraseando-parodiando a fase mais psicodélica de
    Lennon-McCartney:
    “Kamilla Pepper’s Lonely Hearts Club Band /
    we’d like to thank you once again”

    observações:
    1) as informações acerca das bandas The Beatles e Zumbi do Mato são totalmente verídicas
    b) inspirado no clima de absorção total que envolve a todos, decidi que o meu próximo livro levará o singelo título de “Noturno com Abas”.

    saravá.

  31. Booooom dia Itajaí!

    Salve meu grande Calunga da Tonga da Mironga do Cabuletê! Seus esclarecimentos acerca dos meninos de liverpool, foram D+, xo-kanti, refri-geranti!

    Cara Kamilla, num se avexe não, que semonós que enrriquesemo esse mundinho de meudeus, nêga! Aroveitando esse grande momento de absorção, deixemo fluir! Que rolling the stones!

    Como disse santa Pris: cê foi agraciada com um pedaço do milagroso “cobertôdoseba”! E por falar no cobertôdoseba, ter escrito cobertô assim com o circu em cima do ô, eu fui bombardeado por mensagens e mais mensagens me parabenizando pelo feito, inclusive uma do Zé Saramargo. lexgal, né? O Felipe esqueceu de mencionar que o Vaxinton Olivetto, tinha um pedaço e quando o perdeu foi logo sequestrado pelos “chilenos do chile”. O Bobby Justus, não menos mago e nem menos peso-pesado da publi que o Vaxiton, tem um pedaço embaixo do traveisseiro* dele.

    *Trata-se do travesseiro pra aliviar as hemorróidas!

  32. após receber um pedaço do referido cobertô, durante uma feira no Mercado Público de Caruaru, o pop star brasileiro Genival Lacerda encontrou a inspiração que faltava para completar o último verso de sua obra-prima, “Ela Deu o Rádio”. no dia seguinte, compôs ainda os clássicos “Severina Xique-xique” e “Chevette da Ivete”.

    não há nada confirmado, mas desde a década de 1970 existem rumores de que Keith Richards possui um pequeno retalho do poderoso cobertô. o boato é alimentado pelo companheiro Mick Jagger, que em algumas entrevistas deu a entender, bem vagamente, que Richards foi presenteado com o cobertô durante a visita que fizeram ao Brasil em 1968. o amuleto teria sido ofertado ao guitarrista dos Stones em um terreiro quimbandista da Baixada Fluminense, durante um culto a Exus e Pomba-giras. perguntado exaustivamente sobre o assunto, Keith Richards não confirma nem desmente.
    o que todo mundo sabe é que depois do contato com a macumba no Rio de Janeiro, Jagger e Richards compuseram “Sympathy for the Devil”. repare na batucada na introdução da música, uma clara referência à batida de atabaques dos terreiros, que os Stones tentaram mas não conseguiram imitar.

    o companheiro Luiz Inácio recebeu um pedaço do milagroso cobertô em novembro de 2001. o fato, que só aconteceu porque Lula não tinha um lenço para assoar o nariz durante um jantar com empresários do setor funerário, acabou por mudar o rumo e provocar uma grande reviravolta na história. a partir daí é que sua campanha ganhou a força definitiva que culminou com sua chegada ao Planalto, no ano seguinte.

  33. apenas retificando a infirmação do André, o Daily Mirror noticiou ainda em outubro de 2002 que Keith Richards tocou fogo no pedaço de corbertor que tinha consigo e cheirou as cinzas na seqûência em um chalé em Worcestershire…

    outro e-mail bomba que recebemos foi de Paulo Coelho, que também possui um exemplar do cobertor, por ele chamado de “Cobertor da Luz”, que carrega consigo em todas as jornadas pelo Caminho de Santiago…

  34. Sem falar na pobre Britney Spears, que quando teve no Brasil recusou-se a aceitar um pedaço do “manto sagrado” e vejam no que deu, gentem.

  35. hahahahhha… depois dessas explicações todas… dos efeitos que o tal “Manto Sagrado” proporciona a quem tem, como “vóis” me disse… vou ser “obrigada” a receber tal oferenda…

    mas como será… me empolguei.. vai ter cerimônia algo do gênero… e aí me digam…

    bom “gentem”… como diria “pai Hélinho” saravah…

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  36. grande Dom Felipe, distinto e honorável anfitrião deste virtual recinto. fico extremamente agradecido pela atualização das informações sobre o caso Keith Richard…

    ah! em tempo: por um lapso de memória, esquecemos de citar a desventura do grande campeão mundial de boxe, o arretado – mas nem tanto – baiano Acelino Popó Freitas. o boxeador desdenhou do miraculoso Cobertô e disse, para comoção geral, que o pequenino mas valioso pedaço de pano era, em suas palavras, “coisa de baitola”.
    não deu outra, três dias depois, ao enfrentar o mexicano Diego Corralez, Popó subiu ao ringue cheio de empáfia. contrariando todas as expectativas levou um pau e perdeu por um surpreendente nocaute técnico. o vexame foi tamanho que provocou o encerramento da sua carreira, além de um abalo no casamento devido a uma impotência causada por danos emocionais.
    mas o pior era aturar a sogra imitando a motinho do desenho animado, para o deleite do nosso Rômulo Mafra, que é fã da personagem: “eu te disse! eu te disse! eu te disse pra não jogar fora o Cobertô! seu abestado…”.

  37. Agora, lendo outra vez, meus velhos jornais, vejo que o velho e descuidado Lampa, e sua gang, foram num forró la pros lados de Quixeramubim, onde a poeira correu solta noite adentro durante o arrasta-pé e se esqueceram de guardar a milagrosa relíquia nos seus bornais. De manhã, inda tinha cabra dançando e bebendo a marvada. Tomaram um café rápido, arrancaram uns três cabaços, deram uma sova no padre, seviciaram o sacristão, penduraram o alcaide do lugar e sua rapariga (ele era juntado!) num poste de luz a querosene (jacaré) e tascaram o conteúdo da lamparina, ou seja, querosene (jacaré) nos pobres coitados… Ah ainda chutaram uns dois vira-latas que encontraram pela frente, cagaram na cisterna de água do vilarejo e roubaram dois cegos (irmãos gêmeos) e se escafederam pra Angicos em Alagoas. O resto 6 sabem, né? Êta gentinha mequetrefe que não respeitou a força milagrosa do kobertô! Bem feito!

  38. ah! notícia em primeira mão:

    Seba está vivo! ou como diriam os punks: “Seba’s not dead”.
    é verdade, sim. até mesmo porque, segundo os fronteiriços aqui do Sul, não está morto quem ‘peleya’, e o nosso herói continua ‘peleyando’.

    na manhã deste sábado encontrei com o próprio, que estava “tomando um ar” em frente ao seu trabalho, na famigerada Av. Brasil de B. C. City.

    a parada para um papo foi inevitável. afinal de contas, como não querer receber um pouco de luz de nosso mestre, legítimo sucessor de iluminados como Zeca Bordoada, Gece Valadão e dos internacionais O. J. Simpson (que na verdade é primo de Homer) e Chuck Norris?

    conversamos, entre outras coisas, sobre literatura, teatro e a sexualidade humana. no meio do papo, arrisquei, assim como quem não quer nada, entrar no assunto do sagrado Cobertô. nosso mestre esquivou-se. numa atitude inconseqüente, perguntei de forma direta sobre o assunto.
    tomado pela magnitude que somente os grandes avatares possuem, ele apenas respirou fundo voltou os olhos ao firmamento e entoou um mantra ininteligível para a minha ignorância.

    então percebi a inutilidade do meu esforço em ser iniciado nos mistérios do Cobertô. afinal, nosso mestre teve a atitude característica dos grandes sábios: manter os segredos da transcendência distantes dos vulgos e incultos homens comuns.

  39. “caríssimos irmãos, em verdade, vos revelo e digo: mais do que o amor, o Cobertô cobre multidão de pecados”.

    – João Paulo II, Karol para os íntimos. dois minutos antes de morrer.

  40. Felipe, na verdade não se trata de desdém.
    o mestre anda um pouco fatigado.

    são muitas as multidões a buscá-lo, em busca de lenitivo para suas dores. sem falar naqueles que sempre querem tocá-lo, na esperança de cura para suas doenças do corpo e da alma.

  41. A propósito do tributo ao mestre Mario Benedetti, feito pelo Felipe, eu também gostaria de fazer aqui o meu tributo ao mestre Seba, nosso Tony Adviser:

    Um tributo a sebadoria.

    Estava eu a pouco, segurando firme meu pedaço de cobertô, recordando algumas passagens minhas com o mestre Seba, nosso Tony Adviser. Uma delas foi quando ao sairmos do seu “pombal” – eu explico: na época ele tinha um espaço de trabalho no topo do palácio da fundação cultural. Cujas dimensões não tinham mais que 1 e meio por 2 – resolvemos fazer o nosso exercício preferido: beber. Por falar em seu espaço de trabalho, lá, no seu aconchegante cubículo, o mestre tinha suas paredes decoradas com relíquias incríveis. A mais impressionante delas, era a foto dele com Hebe Camargo num programa daquela eterna senhora. Como vocês vêem, a Hebe tem também o cobertô milagroso.

    Bom, saímos e bebemos noite inteira e voltamos pela madrugada alegres, como se fossemos crianças bêbadas, por entre as alamedas, bosques escuros, cataratas e corredeiras, pradarias inóspitas, até chegarmos a frente do Posto Presidente, onde nos despedimos, mas antes lhe perguntei: – Mestre, qual a melhor coisa da vida? Aí ele no alto de sua grandiosidade me disse olhando pro infinito (Murta?): – Falar das mulheres dos amigos, meu jovemhelinho. Dito isso, ele foi embora seguindo a trilha dos meio-fios inrregulares, como se fosse um equilibrista bebado, e eu, retornei ao meu lar, compreendendo melhor o valor da vida! Obrigado mestre!

  42. “…a frente do Posto Presidente, onde nos despedimos,”

    Festinha animada hein… nossa… hahhaahahhaha

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  43. Tipo de festinha que você aprecia por demais. Um dia, você faz um teste e chama o mestre Seba pra sair. Então você verá com os seus olhinhos achinesado que deus lhe deu, que o que eu falo é pura verdade!

  44. Pois é, outro dia um jovem perguntou ao mestre Seba que lhe esclarecesse acerca desse post que ele não conseguia entender, mesmo diante de tantos comentários.

    Aqui descrevo a conversa que se deu entre os dois:

    – Mestre, eu estava lendo o post do Felipe Damo e fiquei numa dúvida que tem me corrido os meus pensamentos. Mesmo diante de tantos comentários, 90 e tantos, nenhum deles me deu a verdadeira resposta sobre o assunto abordado no post. Assim, eu decidi apelar para o mestre, cuja sabedoria transcende a qualquer conhecimento humano. Diga-me, mestre Seba, qual a verdadeira função dos lábios?

    Aí o mestre, ajustou os óculos no topo do nariz, respirou fundo e falou com sua já conhecida voz maviosa que para alguns se assemelha ao cântico do deus Odin:

    – Para passar batom, meu jovem.

    E o jovem saiu satisfeito, todo ancho, dando piruetas e cantando uma música dos Secos & Molhados.

  45. “consegui ouvir o seba falar até… rs…”

    Priscila, o homem não é fraco, não! Sua voz maviosa ecoa por onde quer que se possa imaginar desde os mais longincuos recantos do planeta até os Cordeiro, minha nêga! Êta poder!

  46. E por falar em passarão, posso até ouvi-lo, como eu fazia em todas as tardes fagueras de minha infância, embaixo dos laranjais. Ele com seu canto doce acompanhado do trinar triste de um velho e trigueiro Sabiá-Gogó, a balouçar num galho do pé de laranja no quintal da minha vó!

  47. ah! por que que na quinta-feira você meu caro car’hélinho não faz um tapete pro Grão Mestre Varonil SEBA… vai ser lindo fio….

    e hey… “os seus olhinhos achinesado”… isso vai ter volta hein… se cuida… hahhahahahahaha

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  48. Para completar o centésimo comentário, com a permissão do proprietário desse blog, eu gostaria de partilhar com todos que aqui comentam, uma parábola sobre o mestre Seba.

    PARÁBOLA XXXXIII – Morrinho do Oliveiras

    Certa vez, o mestre Seba tinha viajado para um lugar distante, muito distante não só para pregar seus ensinamentos como pra beber umas. Ao chegar num pequeno vilarejo eu pediu água e todos quiseram servi-lo. Ele pediu um pouco de pão e todos quase se engalfinharam pra lhe dar pão. Depois de saciada a sua sede e a sua fome, ele foi descansar num morrinho nas imediações da vila, chamado Morrinho dos Oliveiras. Lá, logo se achegaram alguns jovens ansiosos de conhecimentos. O mestre Seba, fechou os olhos por alguns momentos, e entoou um mantra: A 1 – A – 1 – 1- 1 – 1 – A. Feito isso diante dos olhares contemplativos dos jovens, o mestre disse:

    – Você.

    – Quem eu, mestre?

    – Sim. Qual é o seu nome?

    – Chamam-me de João, mestre.

    – Então João, beija-me a mão.

    João mais que prontamente, sob os olhares de inveja dos demais, beijou a mão calejada (?) do mestre. Então, o magnânimo homem se dirigiu a outro jovem:

    – Você.
    – Eu?
    – Sim. Como lhe chamam?
    – José, mestre.
    – José venha até mim e beija- me o pé.

    O jovem apressou-se a oscular o pé do mestre.

    Em seguida, o mestre olhou pros demais como se estivesse escolhendo outro jovem, quando seu olhar penetrante (?) atingiu em cheio um rapazote um tanto obeso, que de repente, começou a se afastar do grupo amedrontado… O mestre estranhou aquilo. Era a primeira vez que um jovem se retirava de um encontro com ele daquela maneira… O mestre então argüiu José sobre aquele arredio mancebo:

    – José por que esse jovem está se esquivando de mim?

    – Mestre ele se chama Nicolau…

    – Ei, você! Olhe, João, outro jovem está se evadindo do nossa roda, isso não é possível! – reclamou o mestre, um tanto intrigado. E indagou João:

    -Quem é esse homem que acaba de fugir de mim, se juntando ao Nicolau?!

    Então, João respondeu dando de ombros:

    – Liga não mestre, aquele lá que se juntou ao Nicolau é o Ezaú!

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