três hai caos
I
negra flor da manhã
o café desperta o dia
com o seu perfume
II
na noite escura
o céu estrelado é o teto
da coruja
III
com meu filho no escuro
preparo o sono
como quem embala o futuro
três hai caos
I
negra flor da manhã
o café desperta o dia
com o seu perfume
II
na noite escura
o céu estrelado é o teto
da coruja
III
com meu filho no escuro
preparo o sono
como quem embala o futuro
O céu é o país dos pássaros Com sua bandeira azul Desfraldada já no amanhecer Estandarte salpicado de cirros brancos Hasteado no mastro tênue do horizonte O sol contempla a nação alada Guardião do esplendor dessa pátria República livre Território infinito de fronteiras etéreas Com estradas projetadas pelos ventos E rajadas térmicas Rotas aéreas Ás… Continuar lendo Rurais XIII
Existe um ribeirão Que corre para o norte Contornando as pedras E o relevo de sua própria sorte Transpondo pontilhões Desenhando grotas na terra Assim segue o ribeirão Que desce da serra Entre os salgueiros debruçados Vai o ribeirão se marejando Na sombra da tarde calma Sem saber que ao chegar Ao fim dos caminhos… Continuar lendo Rurais XII
As azaleias enfeitam a curva da estrada e alegram o cinza da tarde nublada. Fosse eu um céu, uma pétala, um pedaço de jornada. Fosse eu uma curva, uma fuga, uma nuvem carregada. Ainda assim seria mais que a noite mais que o dia mais que a madrugada mais que toda idiossincrasia de cada hora… Continuar lendo Rurais XI
O amor se esconde no campo Por entre a folhagem do bosque Nos caminhos sombreados Que levam aos descampados Nos ventos das morrarias E nos brotos que já nascem por amor curvados. Na floração da primavera Na tempestade estival Na coloração do outono E na geada invernal. O amor se esconde no campo Nos dias… Continuar lendo Rurais X
O dia passarinheiro abre suas asas num bem-te-vi primeiro. Depois deixa o ninho canarinho e assim de mansinho o dia passarinho deixa inquieto o forneiro. Sobrevoando a campina quero-quero em sua sina de defender o campo. E numa silva de canteiro o sabiá ligeiro a semitonar o canto. Distante da andorinha que rasga o céu… Continuar lendo Rurais IX
O sanhaço cinzento vai cantando a tarde do meu lado naquele galho torto de um ipê esverdeado. Relógio sem engrenagens. É por sua cantoria que eu sei que a tarde finda e adormece mais um dia.
Quando fica muito tempo sem contemplar o céu noturno também perde o sertanejo sua imensidão.
[para Robert Frost] foi uma geada a me lembrar teu nome e teus poemas o caminho que não tomastes e a vida que continuou e simples se fez plena as estrelas na escuridão da noite as árvores a farfalhar versinhos uma fazenda uma lua despedaçada e um prado repleto de passarinhos
as folhas se multiplicam é outono você diz eu sozinho olhando a grandeza do campo aberto eu sem limites me misturo às folhas eu sem limites entrelaço o capinzal com meus braços meus cabelos minhas veias sem limites me enverdeço de um verde pardo de um verde parco do verde palha do arrozal me curvo… Continuar lendo Rurais – V