O que quer o homem-aranha?

Acabo de ver em um desses noticiários internacionais que o homem-aranha francês foi preso mais uma vez escalando edifícios em algum lugar da Ásia. Tailândia, Mianmar – que no meu tempo era Birmânia – ou Malásia. Não prestei atenção no país. Fiquei intrigado demais pra prestar atenção a esses detalhes. Fiquei pensando em quanto tempo faz que eu conheço esse cara, subindo e descendo edifícios em todos os cantos do mundo. Já esteve até aqui no Brasil, se não me engano.

 

O fato é que no meio da noite me peguei sentado na sala pasmo diante da televisão olhando para este ser escalador de vasta cabeleira loura e pensando, depois de tanto tempo, o que afinal quer esse cidadão. Um protesto, uma forma de aparecer, uma declaração de amor? Por que ninguém pergunta a ele por que ele faz isso? Nunca ouvi um repórter comentar os motivos e, oras, todos temos motivações, não é mesmo?

 

Mas o que afinal faria um homem literalmente subir pelas paredes, penso eu sozinho na solidão de uma sala ampla de paredes coloridas. Um chefe que não se emenda, uma sogra chata ou o rebaixamento de seu time para a segunda divisão? Ah, são tantos os motivos que levariam um homem a sair por aí trepando em prédios e monumentos.

 

Não agüentei a curiosidade e, como jornalista mediano que sou, fui buscar informações sobre o inquieto moçoilo. E não é que o rapaz tem até website? Alain Robert é o nome da figura. Escalar é a sua paixão e, olha só, ele tem vertigem quando olha para baixo. Impressionante.

 

Vasculho o site, percorro cada link até encontrar um motivo. Superação do medo, risco calculado, diz ele. Então tá. Ele sofreu dois acidentes graves, ficou em coma, uma junta médica chegou a dizer que ele teria 60% do corpo inutilizado. Pensa que ele se intimidou? Que nada. Continuou escalando sem equipamento algum. Só com as mãozinhas que Deus lhe deu.

 

Mas tem o lado comercial também. Ele dá palestras e participa de seminários, se contratado, é claro. Além disso, tem os patrocinadores. Entre os principais estão duas empresas especializadas em tratamento para a “queda” de cabelo. Perceberam o trocadilho? Infame, eu sei. Mas é a vida. E cada um encontra uma forma de “subir” na vida. Trocadilho infame dois. Alain Robert conseguiu subir das duas formas. Escala e ainda fatura uma graninha. E o mais importante de tudo, deve se divertir à beça.

Publicado em
Categorizado como Conto

Por felipedamo

Felipe Damo é jornalista

6 comentários

  1. (…) In the forest all things seem to be a celebration of life; the birds hum in joy, colored butterflies fly around the flowers, cheerful salmons swim up the river as the bears wait them smiling and laughing (…)

    by Heliot

    rsss

Deixar mensagem para Hélio Jorge Cordeiro Cancelar resposta